O pequeno pássaro sonha... quer cantar;
um canto fluido, latino, latente...
Aguarda dias... semanas... somente
após anos é liberto... que voar!
Ruflem-se as asas... namore-se o ar!
Escolhe a árvore mais atraente.
Em seu cume, pousa suavemente;
de norte a sul, avista o lugar.
Qual seria a amplidão de seu canto?
Que dizer de seus graves? E os agudos?
Alcançaria todo ser? De dia e ao luar?
Mas seus desejos tornam-se pranto.
Notas e dons... modulações... todos mudos.
O dom se foi... A arte partiu. Põe-se a chorar...
[Poema publicado na antologia
ECOS DA ALMA, da Editora Andross, São Paulo]
Autor:
César dos Anjos