segunda-feira, 10 de maio de 2010

Sinceridade Infantil

Nos anos 1970 e 1980, determinadas pessoas tinham como costume quando realizavam festas, servir os convidados somente após cantar os parabéns ou anunciar o noivado. Coisas desse tipo.

As mesas sempre estavam repletas de doces e salgados.

Estive presente com minha família em algumas.

Meu irmão que na época estava com cinco anos, se aproximou do nosso pai, estendeu o braço e o entregou um salgado ao mesmo tempo em que falou:
- Toma pai. É melhor do que nada.

Na frente de tantos convidados, nosso pai nada pode fazer, a não ser, pegar o salgado.

A sinceridade infantil é maravilhosa.

O Jambeiro Lá de Casa


Quando eu tinha sete anos de idade, meus pais construíram uma casa muito espaçosa e bonita. Das árvores que havia no terreno, apenas uma foi preservada, um jambeiro, de jambos bem vermelhos. Eu gostava muito dessa árvore. Em pouco tempo aprendi a subir nela até mesmo sem auxílio de escada, tinha um galho mais baixo que com um salto conseguia agarrá-lo com as mãos, depois alcançava com as pernas, não sei como fazia isso, hoje não conseguiria de forma alguma. Sei que dessa forma eu subia no jambeiro, ia de galho em galho até o topo.

Os jambos eram enormes e deliciosos! Às vezes levava uma sacola, onde colocava os jambos que tirava, mas geralmente tinha sempre alguém lá embaixo para pegá-los quando eu jogava. Isso quando eles não encontravam algum ou alguns galhos pelo caminho.

Eram muito doces! Algumas vezes, fazíamos sucos, mas o que eu gostava mesmo era de comê-los.

Sempre que eu subia, ia até o topo, adorava a vista lá de cima, dava para ver parte do telhado da minha casa, das casas vizinhas, um pouco do bairro. Quando subia no jambeiro, era com uma agilidade tão grande, que não sei como acontecia, isso era para subir naquele galho inicial, pois para passar entre os galhos era com bastante cuidado.

Meus pais pediam que eu tivesse cuidado, tanto eu como meu irmão, que é dois anos mais velho do que eu. Nossos pais confiavam em nós. Nunca houve nenhum acidente, durante os anos que subíamos em nosso jambeiro.

Meu irmão comia os jambos lá em cima mesmo. Eu preferia lavá-los antes.
Algo lindíssimo que acontecia, era antes dos frutos aparecerem. Formava sempre um lindo tapete cor-de-rosa, decorrente das suas flores. Então aos pés do jambeiro ao seu redor, todos os dias, amanheciam com o tapete cor-de-rosa. Só deixavam de cair, quando começavam a crescer os jambinhos.

Todos os dias aquele tapete era varrido, o vento espalhava muito. Devido a isso após alguns anos, minha mãe mandou cortá-lo. Foi plantado em seu lugar um coqueiro, que permanece lá até os dias de hoje.

Jardim de Prata

desabrocham no bosque
as flores de prata
encantamento e beleza
invadem, envolvem
pessoas e pássaros
que por ali passam
atraem para si
olhares e olfatos
pelo ar invadindo
sua fragrância
que a muitos encanta,
assim como o mar traz
e leva suas ondas
fascinados todos comentam
o florescer esperado
lembrarão por toda vida
que presenciaram o espetáculo
estupenda magia
sabiam que se realizaria
chegou a noite
a magia se desfez
e mais uma vez,
todos aguardam
como sempre
esperam, esperam...

sábado, 8 de maio de 2010

A Mulher

Ao longo dos anos, a mulher vem buscando cada vez mais seu espaço profissional, precisa ser sempre mais eficiente.

No entanto, eu diria que buscando muito mais de forma estética, pois precisa, tem necessidade de sentir-se mais bonita, mais feminina. Com isso cultua o corpo, principalmente cabelo, pele e peso ideal.

Mas nem sempre foi assim, vem mudando através das décadas. Antes, no início do século XX, não davam muita importância para isso. Já nos meados do mesmo século, começaram a se preocupar, alguns homens enxergaram a beleza feminina de forma que poderia ganhar algum dinheiro, então, começou a cuidar mais da aparência da mulher, que de lá pra cá, vem sendo muito mais bem cuidada.

A mulher precisa ser mais bela, sentir-se poderosa, vestir-se de forma que se sinta bem. Pois o que de fato importa é sentir-se feliz, valorizando-se de acordo com os desejos dela, sendo acima ou abaixo do peso, alta ou baixa. Cuidando sempre da saúde.

Ser mulher é maravilhoso, ou melhor, é ser maravilhosa!

A maturidade feminina que é alcançada a partir dos trinta anos, transforma sua forma de pensar, de agir, de enxergar o mundo à sua volta. Torna-se mais segura e poderosa. Sabe o momento certo de dirigir suas palavras, embora falha algumas vezes, geralmente devido a ansiedade. Com um olhar diz tudo e ler tudo no olhar do outro. Tem o sexto sentido, sim. Não é tão fácil enganar uma mulher após os trinta anos, a não ser que ela permita.

Adora elogios e sabe quando são sinceros. Gosta de ser cortejada.

Com o passar dos anos torna-se mais experiente.

Dedica-se completamente a quem ama especialmente seu esposo e filhos.

Tolo é o homem que deixa essa mulher escapar. Sábio o que a ama com todo o seu fervor.

Incerteza

É uma tarde
Fria
Sem vida
Pessoas passam
Frias
Sem nada

Que satisfação tem
Olhar o nada?
Alguns sabem
E gostam

Uma tarde
Sem sentimentos
Isso é possível?
Não sei
É o que sinto

Momento estranho
Sentimentos vivos
Mortos
Frios
Será?

Talvez...

"Querida, Encolhi as Crianças!"

É interessante constatar que, quando somos crianças, vemos tudo muito maior do que realmente são. Por exemplo, vemos os adultos muito altos e, quando crescemos, vemos que na realidade alguns deles eram bem baixinhos.

Em minha infância, estudei em um colégio administrado por religiosas católicas. Adorava estudar naquele ambiente. Era muito agradável. Ainda o é hoje em dia. Depois que saí de lá, demorei a voltar. Não para estudar, mas para visitar a feira de ciências. Nesta ocasião, eu já era adulta. Foi quando meu irmão mais novo (na época acho que ele estava com dez anos) me convidou para assistir a uma apresentação do trabalho dele, que por sinal foi excelente.

Ao entrar no colégio tive um sentimento estranho. Por que tudo estava tão diferente? O que havia acontecido? Muita coisa havia mudado, pensei. De fato, constatei que quem havia mudado era eu. Eu havia crescido.

Vi que o colégio não estava tão diferente. Mas parecia que havia sido atingido pelo raio do filme “Querida, encolhi as crianças!” Parecia bem menor que as imagens guardadas em minha memória. Agora tenho registradas as duas dimensões do colégio, que na realidade são uma só.

Hoje percebo o quanto é bom ser criança. Mesmo quando crescemos e vemos que as coisas não são exatamente como imaginávamos.